Preso por participar de assassinato de ex-delegado, Jaguar tem ficha criminal e alega estar com filha na hora do crime
20/09/2025
(Foto: Reprodução) Jaguar, sexto suspeito de participação no assassinato de ex-delegado, é preso no litoral de SP
Preso por suspeita de participar da morte do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, Rafael Marcell Dias Simões, o 'Jaguar', tem antecedente criminal por sequestro, segundo a polícia. A defesa afirma que ele já esteve envolvido com o crime organizado, mas alega que ele estava "ressocializado" e que estava buscando a filha na escola no momento do assassinato.
Ruy foi executado na noite de segunda-feira (15), após cumprir expediente como secretário de Administração na Prefeitura de Praia Grande. Além de Jaguar, Dahesly Oliveira Pires e Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, foram presos por suspeita de participação no crime.
Outros quatro investigados foram identificados e estão foragidos: Felipe Avelino da Silva, Flávio Henrique Ferreira de Souza, Luiz Antonio Rodrigues de Miranda e Willian Silva Marques.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
A Justiça de São Paulo havia decretado a prisão temporária de Jaguar, o sexto suspeito de participar do assassinato de Ruy Ferraz, na sexta-feira (19). De acordo com o boletim de ocorrência, o homem de 42 anos se entregou na Delegacia Sede de São Vicente na madrugada deste sábado (20), acompanhado de um advogado.
Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar, se entregou no DP Sede de São Vicente
Marco Antônio/TV Tribuna
De acordo com a polícia, Jaguar possui passagens criminais, inclusive por sequestro. Conforme apurado pelo g1, o crime ocorreu em 2008 e, na época, o inquérito foi liderado pela Delegacia Anti-Sequestro de Santos.
O advogado confirmou que o cliente teve envolvimento com o crime organizado, mas garantiu que ele estava em processo de ressocialização, inclusive com trabalho de carteira assinada. Ele acredita na inocência de Jaguar e disse que deve prová-la no decorrer da investigação.
“Ele alega e tem como comprovar que não tem ligação alguma. Ao conversar com ele, em entrevista, o mesmo relata que quase no momento em que ocorreu o crime, ele estava pegando sua filha na escola e também trabalhando, onde ele bate cartão de ponto”, explicou Correia, em entrevista à repórter Vanessa Medeiros, da TV Tribuna.
Ainda segundo o advogado, Jaguar se entregou à polícia para preservar a própria vida e a vida da família após tomar ciência do mandado de prisão temporária por meio das notícias divulgadas na imprensa.
“A gente [escritório de advocacia] o orientou a se entregar, seria a melhor opção para que possamos futuramente ter acesso aos autos investigativos e saber qual é a relação em si que ele está sendo acusado”, disse Correia.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou a prisão. "As forças de segurança seguem mobilizadas para identificar e prender todos os envolvidos no crime. Diligências estão em curso para elucidar todas as circunstâncias e responsabilizar os envolvidos", disse a pasta.
Rafael Dias Simões, conhecido como Jaguar, suspeito de participar no assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz
Divulgação
Audiência de custódia
Jaguar se apresentou na Delegacia Sede de São Vicente durante a madrugada de sábado (20) e, na manhã, realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Santos. Em seguida, ele passou por audiência de custódia virtual na delegacia, onde a prisão foi mantida.
A audiência de custódia ocorre após a prisão de alguém, para a Justiça ouvir do suspeito de algum crime dizer se ele teve sua integridade física respeitada pela polícia durante a detenção.
Na parte de cima, os foragidos Luis Antonio Rodrigues de Miranda, Felipe Avelino da Silva e Flávio Henrique Ferreira de Souza. Na parte de baixo, os presos Dahesly Oliveira Pires e Luiz Henrique Santos Batista
Divulgação/Polícia Civil
Quem são os suspeitos
Felipe Avelino da Silva (foragido), conhecido no Primeiro Comando da Capital (PCC) como Mascherano, de 33 anos, teve o DNA encontrado em um dos carros usados no crime.
Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (foragido), de 43 anos, é procurado por suspeita de ter ordenado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados no crime.
Flávio Henrique Ferreira de Souza (foragido), de 24 anos, também teve o DNA encontrado em um dos carros.
Willian Silva Marques (foragido), de 36 anos, é proprietário da casa apontada como base dos criminosos em Praia Grande.
Dahesly Oliveira Pires (presa), de 25 anos, foi detida na quinta-feira por suspeita de ser a mulher que foi buscar o fuzil usado no crime na Baixada Santista.
Luiz Henrique Santos Batista (preso), conhecido como Fofão, de 38 anos, foi preso na sexta-feira (19) em São Vicente (SP), por ser suspeito de participar da logística da execução de Ruy Ferraz Fontes.
Cronologia da execução: ação contra ex-delegado durou menos de 40 segundos
Crime
O assassinato de Ruy Ferraz Fontes ocorreu momentos após ele cumprir expediente na Prefeitura de Praia Grande como secretário de Administração. Ele estava aposentado da Polícia Civil.
Câmeras flagraram o momento em que três criminosos portando fuzis desembarcam de uma caminhonete, que estava logo atrás do carro de Ruy Ferraz, e atiram contra o ex-delegado (veja abaixo a cronologia do crime).
Infográfico: criminosos fazem tocaia antes de iniciar ataque e perseguição ao delegado
Arte/g1
Quem era Ruy Ferraz Fontes
Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o PCC.
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa.
Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes
Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo.
Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias.
Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal.
Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos